terça-feira, 4 de agosto de 2009

PUTREFAÇÃO



Sangue do meu sangue,
Carne da minha carne,
Carne que em outros mares
Insiste em navegar.
Sangue que não mais corre em minhas veias
Sangue que seca-me, inválida,
Carne que putrefica-me a alma,
Sangue frio,
Carne fraca...


Vanessa Rodrigues

ORGULHO


Numa soberba paixão,
Ele ditou-se divino,
Enrijeceu seu sorriso
E fecundou-se ilusão.
Numa estrada sombria,
Ele vagou sem amor,
Julgando-se superior
Num reino de fantasia...

Vanessa Rodrigues

COISA ALGUMA


As horas não passam,
Arrastam-se nos meus passos
Tão cansados,
Marcados pelos amores traçados
Nos açoites somados,
Aos odores jorrados
Dos presentes retalhos
Em que os anseios transformaram com desdém.
Agora carrego acanhado
A bagagem de um triste passado
Que viveu sempre em mim acordado,
Revivendo o meu sofrido legado
Que, por mais que o tenha rejeitado,
Vive pulsando nos calos
Que ganhei, por ter sido escravo
Desse mundo onde não fui ninguém...
Vanessa Rodrigues

segunda-feira, 22 de junho de 2009

UNÍVOCOS


Não vivo nos intervalos precisos
De seus ciúmes obsessivos
Nos gestos nocivos
Ora depressivos
Outrora convulsivos
De instantes imprecisos
A viverem desmedidos
Em um mundo ofensivo
De comandos e desditos
Tiranias de malditos.
Não curvo-me aos mandos e desmandos
Desses mansos e covardes
Concretos e miragens
Desgraçados e divindades
Homem e santidade
Bicho e majestade
Tudo na mesma pastagem...


Vanessa Rodrigues

QUE MAL HÁ?


Que mal há em querê-la assim,
Como se fosse para mim o que há nela?
Que mal tem gozá-la no fim,
Se escorre em mim a seiva que é dela?
Que crime condena sabê-la inteira,
Se não basta vê-la e não a sentir?
Que prisão me convém se gosto de tê-la,
Ardente e certeira dentro de mim?
Que raio de vida seria querê-la,
E não concebê-la no meu coração?
Que é liberdade se não ter na veia,
A nossa parcela de desilusão???


Vanessa Rodrigues.

DELÍRIOS


Na varanda do seu quarto
Existia um intervalo
Entre o mundo que eu sonhava
E o que não possuía.
Nos lençóis da sua cama
Eu vivi o seu legado
Sobre meu corpo suado
E as suas fantasias.

Vanessa Rodrigues

DESREGRADA


Eu não vou viver contida
Nesse orgulho de vadia
Que brota de suas medidas
Acometidas de excessos
Expostos em versos baratos
De um poeta palhaço
Vestido num terno barato
Que toma vinho e destilado
E chama de uísque importado
Aquele que é rotulado de nacional.
Eu não vou viver a vida
Como se fosse cretina
A saudade da saliva
Que jorra na minha virilha
Após ter sentido sua língua
Lamber incontida cada gota lasciva
De minha seiva escorrida
Do ventre que agora trepida
E arde com tua selvagem investida
De lamber minha parede vaginal.



Vanessa Rodrigues

domingo, 19 de abril de 2009

METAMORFOSE


Há dias em que sou divina
Correta e precisa, mulher de atitude,
Outros, apenas indecisa
Antro de discórdia, sem atitude,
Pois ora sou serpente, ora sou minhoca, ora sou estrume...


Vanessa Rodrigues

FETICHE


FETICHE

Se eu pudesse ser livre
Não seria fetiche esse desejo meu
De ser tua e ser teu

Mulher e homem, Hera e Zeus...


(Vanessa Rodrigues de Sousa)

sábado, 4 de abril de 2009

SEGREDOS - George Arribas


SEGREDOS

Até tentei esconder o teu poema
Te esconder no peito e tive medo
De te guardar pra sempre em meu segredo
Tudo é sem cor - o teu amor não mais me acena

Até tentei fugir de teu poema
Fazer do adeus um riso louco de partida
Fingir a dor - fingindo a minha própria vida
Que não queria essa tristeza que se encena

Até tentei resistir ao teu poema
Te escondendo nos meus becos e saídas
Pra te guardar no olhar das despedidas
Em meu segredo, meu amor e meu dilema

Até tentei desfazer o teu poema...

(George Arribas)

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Quando conheci George Arribas frequentávamos a mesma Rede Social, eu uma poetisa tímida que lentamente ia me soltando no mundo virtual, ele um poeta completo, experiente, sensível, inteligente, de versos fortes decididos e divisíveis, foi após a aprovação do George que perdi o medo e comecei a expor meus humildes e despretensiosos versos, não só dentro da Rede como em todas as outras Redes que passei a frequentar, também em blogs e qualquer outro espaço...
O George para mim não é apenas um dos maiores poetas que conheço, ele é um grande amigo e sua amizade foi fundamental para minha poesia. Falar do George é como escrever um poema, os sentimentos, dominam e são comandados pela inspiração. Não preciso conhecê-lo pessoalmente para saber o homem que ele é, sua sensibilidade, inteligência, delicadeza, bravura, seu lado humano e correto está exposto em cada um dos seus versos. Assim é o George Arribas um poeta feito de poesia.

E para mim é um grande e sempre especial amigo!!!


Vanessa Rodrigues de Sousa...

quinta-feira, 26 de março de 2009

ESCURIDÃO


ESCURIDÃOOlhos de mar.
Até onde irá navegar sem visão?
Quantas coisas passarão batidas em sua vida,
Quantas imagens se perderão
Na imensidão da sua imperfeição.
Qual escuridão vai lhe assombrar,
A desconhecida ou a esquecida?
Qual ferida irá causar a dor,
A de não viver ou de não ver o amor
Chegar, ficar, passar...
Quantas lágrimas escorrerão do seu rosto,
Quantos prantos serão derramados,
Tantos desejos findados
No seu inacabado viver.
Não queira fugir
Nem tente escapar,
Veja o anoitecer
Deixe-se envolver pela escuridão.
Não lute em vão
Nem chore a dor da perda.
Guarde em seu coração a imagem mais linda,
Pois as lembranças nunca lhe serão arrancadas...


(Vanessa Rodrigues de Sousa)

segunda-feira, 23 de março de 2009

DEVASSA


DEVASSA

Quero-te molhada, suada, safada.
Quero tua risada desavergonhada
E tua cara de menina devassa,
De mulher assanhada,
Doidinha por mim.
Quero meus seios tocando teus seios,
Teus desejos saciados,
Teus olhos virados,
Teu corpo emprenhado do meu amor.
Quero tua pele despida pelada,
Mordida em cada instante de prazer,
Quero-te sem pudor,
Entrelaçada em minhas coxas,
Com tua boca na minha boca,
Doida pra me comer.
Quero morder tua língua,
Chupar tua saliva,
Com minha língua promíscua,
Profana, sedutora.
Quero ser tua inteira e toda,
Penetrada com teu toque suave,
Com teus olhos de maldade,
Com teu cheiro de mulher.
Quero-te do jeito que vier,
Desde que permaneças,
Na minha cama na minha vida,
Na minha alma no meu coração...


(Vanessa Rodrigues de Sousa)