Sangue do meu sangue, Carne da minha carne, Carne que em outros mares Insiste em navegar. Sangue que não mais corre em minhas veias Sangue que seca-me, inválida, Carne que putrefica-me a alma, Sangue frio, Carne fraca... Vanessa Rodrigues
Numa soberba paixão, Ele ditou-se divino, Enrijeceu seu sorriso E fecundou-se ilusão. Numa estrada sombria, Ele vagou sem amor, Julgando-se superior Num reino de fantasia... Vanessa Rodrigues
As horas não passam, Arrastam-se nos meus passos Tão cansados, Marcados pelos amores traçados Nos açoites somados, Aos odores jorrados Dos presentes retalhos Em que os anseios transformaram com desdém. Agora carrego acanhado A bagagem de um triste passado Que viveu sempre em mim acordado, Revivendo o meu sofrido legado Que, por mais que o tenha rejeitado, Vive pulsando nos calos Que ganhei, por ter sido escravo Desse mundo onde não fui ninguém... Vanessa Rodrigues
Não vivo nos intervalos precisos De seus ciúmes obsessivos Nos gestos nocivos Ora depressivos Outrora convulsivos De instantes imprecisos A viverem desmedidos Em um mundo ofensivo De comandos e desditos Tiranias de malditos. Não curvo-me aos mandos e desmandos Desses mansos e covardes Concretos e miragens Desgraçados e divindades Homem e santidade Bicho e majestade Tudo na mesma pastagem...
Que mal há em querê-la assim, Como se fosse para mim o que há nela? Que mal tem gozá-la no fim, Se escorre em mim a seiva que é dela? Que crime condena sabê-la inteira, Se não basta vê-la e não a sentir? Que prisão me convém se gosto de tê-la, Ardente e certeira dentro de mim? Que raio de vida seria querê-la, E não concebê-la no meu coração? Que é liberdade se não ter na veia, A nossa parcela de desilusão???
Na varanda do seu quarto Existia um intervalo Entre o mundo que eu sonhava E o que não possuía. Nos lençóis da sua cama Eu vivi o seu legado Sobre meu corpo suado E as suas fantasias. Vanessa Rodrigues
Eu não vou viver contida Nesse orgulho de vadia Que brota de suas medidas Acometidas de excessos Expostos em versos baratos De um poeta palhaço Vestido num terno barato Que toma vinho e destilado E chama de uísque importado Aquele que é rotulado de nacional. Eu não vou viver a vida Como se fosse cretina A saudade da saliva Que jorra na minha virilha Após ter sentido sua língua Lamber incontida cada gota lasciva De minha seiva escorrida Do ventre que agora trepida E arde com tua selvagem investida De lamber minha parede vaginal.
Há dias em que sou divina Correta e precisa, mulher de atitude, Outros, apenas indecisa Antro de discórdia, sem atitude, Pois ora sou serpente, ora sou minhoca, ora sou estrume...
Até tentei esconder o teu poema Te esconder no peito e tive medo De te guardar pra sempre em meu segredo Tudo é sem cor - o teu amor não mais me acena
Até tentei fugir de teu poema Fazer do adeus um riso louco de partida Fingir a dor - fingindo a minha própria vida Que não queria essa tristeza que se encena
Até tentei resistir ao teu poema Te escondendo nos meus becos e saídas Pra te guardar no olhar das despedidas Em meu segredo, meu amor e meu dilema
Até tentei desfazer o teu poema...
(George Arribas) .......................................................................... Quando conheci George Arribas frequentávamos a mesma Rede Social, eu uma poetisa tímida que lentamente ia me soltando no mundo virtual, ele um poeta completo, experiente, sensível, inteligente, de versos fortes decididos e divisíveis, foi após a aprovação do George que perdi o medo e comecei a expor meus humildes e despretensiosos versos, não só dentro da Rede como em todas as outras Redes que passei a frequentar, também em blogs e qualquer outro espaço... O George para mim não é apenas um dos maiores poetas que conheço, ele é um grande amigo e sua amizade foi fundamental para minha poesia. Falar do George é como escrever um poema, os sentimentos, dominam e são comandados pela inspiração. Não preciso conhecê-lo pessoalmente para saber o homem que ele é, sua sensibilidade, inteligência, delicadeza, bravura, seu lado humano e correto está exposto em cada um dos seus versos. Assim é o George Arribas um poeta feito de poesia.
ESCURIDÃOOlhos de mar. Até onde irá navegar sem visão? Quantas coisas passarão batidas em sua vida, Quantas imagens se perderão Na imensidão da sua imperfeição. Qual escuridão vai lhe assombrar, A desconhecida ou a esquecida? Qual ferida irá causar a dor, A de não viver ou de não ver o amor Chegar, ficar, passar... Quantas lágrimas escorrerão do seu rosto, Quantos prantos serão derramados, Tantos desejos findados No seu inacabado viver. Não queira fugir Nem tente escapar, Veja o anoitecer Deixe-se envolver pela escuridão. Não lute em vão Nem chore a dor da perda. Guarde em seu coração a imagem mais linda, Pois as lembranças nunca lhe serão arrancadas... (Vanessa Rodrigues de Sousa)
Quero-te molhada, suada, safada.
Quero tua risada desavergonhada
E tua cara de menina devassa,
De mulher assanhada,
Doidinha por mim.
Quero meus seios tocando teus seios,
Teus desejos saciados,
Teus olhos virados,
Teu corpo emprenhado do meu amor.
Quero tua pele despida pelada,
Mordida em cada instante de prazer,
Quero-te sem pudor,
Entrelaçada em minhas coxas,
Com tua boca na minha boca,
Doida pra me comer.
Quero morder tua língua,
Chupar tua saliva,
Com minha língua promíscua,
Profana, sedutora.
Quero ser tua inteira e toda,
Penetrada com teu toque suave,
Com teus olhos de maldade,
Com teu cheiro de mulher.
Quero-te do jeito que vier,
Desde que permaneças,
Na minha cama na minha vida,
Na minha alma no meu coração...