Não vivo nos intervalos precisos De seus ciúmes obsessivos Nos gestos nocivos Ora depressivos Outrora convulsivos De instantes imprecisos A viverem desmedidos Em um mundo ofensivo De comandos e desditos Tiranias de malditos. Não curvo-me aos mandos e desmandos Desses mansos e covardes Concretos e miragens Desgraçados e divindades Homem e santidade Bicho e majestade Tudo na mesma pastagem...
Que mal há em querê-la assim, Como se fosse para mim o que há nela? Que mal tem gozá-la no fim, Se escorre em mim a seiva que é dela? Que crime condena sabê-la inteira, Se não basta vê-la e não a sentir? Que prisão me convém se gosto de tê-la, Ardente e certeira dentro de mim? Que raio de vida seria querê-la, E não concebê-la no meu coração? Que é liberdade se não ter na veia, A nossa parcela de desilusão???
Na varanda do seu quarto Existia um intervalo Entre o mundo que eu sonhava E o que não possuía. Nos lençóis da sua cama Eu vivi o seu legado Sobre meu corpo suado E as suas fantasias. Vanessa Rodrigues
Eu não vou viver contida Nesse orgulho de vadia Que brota de suas medidas Acometidas de excessos Expostos em versos baratos De um poeta palhaço Vestido num terno barato Que toma vinho e destilado E chama de uísque importado Aquele que é rotulado de nacional. Eu não vou viver a vida Como se fosse cretina A saudade da saliva Que jorra na minha virilha Após ter sentido sua língua Lamber incontida cada gota lasciva De minha seiva escorrida Do ventre que agora trepida E arde com tua selvagem investida De lamber minha parede vaginal.